A felicidade também é pra mim
A felicidade também é pra mim

Já parou para pensar que somos as consequências dos nossos erros e acertos? Somos uma estante de troféus mostrando nossas vitórias, com algumas gavetas de medalhas de participação. Nosso corpo e nossa história são construídos por escolhas — nossas e dos outros — algumas boas, outras ruins.
Eu sempre digo que não consigo me arrepender do meu passado, porque foi ele que me fez ser quem eu sou hoje. Cada decisão que tomei foi o melhor que eu podia fazer com o que sabia na época. Eu sempre tentei lutar por mim. Não poderia condenar a Bruna de 13 anos com a cabeça da Bruna de 22. Seria covardia.
Apesar de eu não ter problemas com as minhas escolhas ruins do passado, também não me orgulho como deveria dos meus grandes feitos. Premiações, reconhecimentos, formaturas, certificados... Nada disso me deixa tão feliz quanto vejo outras pessoas ficarem. Para mim, são apenas coisas riscadas da minha lista. São um "ufa, acabou".
Sempre me ensinaram a remoer os erros; nunca me ensinaram a celebrar as vitórias. Sempre ouvi que, depois de um dia feliz, vem um dia de choro. Acho que, inconscientemente, isso me impede de aproveitar as coisas boas da vida. Tenho medo de que o universo veja que gostei e queira me tirar. Tenho medo de gastar toda a minha felicidade de uma vez e ficar semanas triste para "compensar".
Quero poder pular de alegria, chorar de felicidade, sentir orgulho de mim mesma, ficar com os olhos brilhando. Mas parece que essas coisas só acontecem com os outros. E antes que alguém diga para falar disso na terapia, já falei. Supostamente, eu romantizo demais a alegria. Por isso, acho que não a sinto ou não a reconheço, porque, na minha cabeça, ela é diferente do que é na vida real. Não sei se é isso, sinceramente.
Aqui, podemos entrar em uma longa discussão sobre o que é felicidade e se existe um jeito certo ou errado de demonstrá-la. Mas, de verdade, eu não ligo. Não vou definir emoções e reações aqui, especialmente essa que me é um pouco estranha. Será que tem a ver com a cultura fechada em que fui criada? Será que a elegância da minha avó me podou? Será que fiquei tanto tempo escondendo todas as minhas emoções dentro de casa que simplesmente esqueci como elas são?
Um dia, eu vou aprender a mostrar o quanto sou grata pela vida que tenho. Até lá, vocês vão ter que acreditar só no que eu digo: sou feliz.
Com alegria (sério),
Bru.