Levanta do caixão que o velório acaba
Levanta do caixão que o velório acaba

A frase do título explodiu minha cabeça e me deu um chacoalhão. Acho que existem várias interpretações pra ela, mas a que faz sentido pra mim agora é a de que eu vou estar sofrendo enquanto eu me permitir sofrer.
É necessário tomar a iniciativa de levantar do caixão, acabar com o velório e mandar todo mundo ir embora. É necessário estipular o fim do sofrimento e acabar com o circo ao redor dele. O sofrimento deve ser sentido, mas em algumas situações, passa a ser opcional depois de certo ponto.
Dizem que toda dor vem da frustração. A dor é sempre do que é em comparação ao que deveria ter sido. A eterna briga entre nossa mente e o mundo, nossos sonhos e a realidade. Eu decidi aceitar que tudo acontece por um motivo e no momento certo, tento parar e pensar no que eu posso aprender dessa situação ruim. Nem sempre é fácil, mas é melhor do que enlouquecer.
Todos os anos, perto do meu aniversário, me acontecem coisas absurdas e passo por grandes decepções. Esse ano não foi diferente, mas decidi levantar e acabar com isso. Não vou ficar aqui parada esperando me enterrarem.
Têm pessoas que gostam de fazer os outros sofrerem, mas só tem graça se a vítima mostra estar sentindo dor. Só existe lobo mau se existir a chapeuzinho, e eu não quero mais vestir essa capa. Algumas pessoas também gostam muito de acompanhar o sofrimento alheio, ficam assistindo ao velório, talvez felizes pelo problema não ser com elas. A tristeza alheia é quase um colírio para as grandes massas. Quando você se recupera e se levanta, todo mundo some.
Quero deixar claro que não sou contra transformar a dor em arte, mas sim de a prolongar mais do que precisaria por conta do potencial que ela tem. Falar de dor nos faz ganhar a empatia dos outros, atenção, carinho e também é o grande combustível da criatividade. Devemos usar do que nos machuca enquanto tudo ainda arde, enquanto o ferimento está aberto, e não ficar tirando a casquinha pra ver sair mais algumas gotas de sangue. Mas como disse a avó de alguém do Twitter: "a dor há de passar, eu não nasci doendo."
Eu levantei do meu caixão para me permitir celebrar minha vida. Compartilho o aniversário com a Madonna, rainha do mundo, e não posso enviar energias ruins pra diva. Então convido a vocês que me lêem, a se levantarem também e pararem de velar suas dores. Está na hora de parar de permitir que nos machuquem.
Tudo há de passar, não nascemos doendo.
Beijos,
Bru.